sexta-feira, 29 de abril de 2016

Dorme neném

Hanna era uma garotinha de 7 anos . Meiga, de olhar doce. Todos se apaixonavam por ela assim que a conheciam. Era o centro das atenções. Gostava disso. Mas isso, logo iria mudar.
Sua irmã mais velha estava grávida, e assim que ganhou o bebê, as atenções foram desviadas para Antony.
Hanna não gostou disso. Odiava o choro daquele bebê " intruso". Tinha que fazer algo. Tinha que ter seu lugar de novo.
Um dia, quando Antony tinha 3 meses, Valquiria, sua irmã, saiu para comemorar o aniversário de casamento, e contratou uma babá para cuidar do bebê.
Hanna também ficaria aos cuidados da moça.
***
A babá colocou ela para dormir. Fez o mesmo com o pequeno.
Já passava das 22h00, quando Hanna desceu até a sala e viu a babá adormecida no sofá. Subiu as escadas novamente e foi até o quarto do seu sobrinho. Ele dormia como um anjo...
Com um travesseiro na mão, se aproximou do berço e cantou uma canção:
1,2
Meus olhinhos eu vou fechar
3,4
Sei que não vou acordar
5,6
minha titia vai me matar
7,8
eu não consigo gritar
9, 10
A mamãe não pode me salvar...
Lisa


sábado, 23 de abril de 2016

Os cabelos negros escorriam pela lateral do rosto numa delicadeza estonteante, combinada a um olhar confinador. A mulher de belas curvas, lábios severos e cílios postiços se perdia na multidão de pessoas que se entrelaçavam numa tentativa vã de garantir um lugar nos poucos vagões que viriam.
O apito metálico anunciou a chegada do metrô, que trouxera consigo uma avassaladora rajada de pessoas eufóricas querendo sair, quando uma leva insana se preparava para entrar. Seria uma batalha cruel, e rostos se vislumbravam sendo topeados pelo vidro embaçado. Um cara com feições inamistosas estava dentro do vagão... Seus olhos cruzaram por um momento uma beleza singular, onde os olhos lhe chamaram mais atenção quando corresponderam aos seus anseios. A porta se abriu, e naquela debilidade estapafúrdia de querer ignorar que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, os olhos se perderam. Por um momento aquilo pareceu uma cena de romance, mas depois que as portas se fecharam, um corpo cedeu abruptamente no chão. Seus olhos ainda permaneciam vivos, apagando gradativamente à medida que seu corpo ia perdendo os estímulos. Mais uma vez, achou os mesmos olhos que lhe chamaram a atenção, em meio àquela multidão eufórica que tentava ajudar. E percebeu que aquilo não se tratava de uma troca boba de olhares, ou de um romance de vagão... Entendeu que aquela bela mulher, a quem chegou a desejar, lhe retribuiu mostrando o caminho mais absurdamente absoluto que ele poderia chegar... À morte.

( Pedro Izidio)



quinta-feira, 21 de abril de 2016

Uma menina decidiu dormir na casa de sua amiga após a escola. Elas se divertiram bastante, jogando, dando risadas e até que decidiram se entreter contando histórias de terror. Uma assustou a tanto outra que as duas decidiram parar pois estavam bastante aterrorizadas.
As meninas foram dormir no mesmo quarto, mas em camas separadas, pois um dos móveis estava livre devido a morte da irmã de uma delas ocorrida em um acidente fazia alguns meses.
As meninas se encolhiam nas camas, apavoradas pelas histórias que haviam contado e uma tempestade piorou tudo. Trovões fazem barulhos assustadores, os relâmpagos iluminavam o quarto fazendo sombras grotescas. Elas tremiam até que uma delas falou:
- Por favor me dê sua mão, eu estou morrendo de medo...
Ambas esticaram os braços para se sentirem mais confortadas e protegidas. De mãos dadas o medo pareceu desaparecer e elas acabaram caindo no sono.
Na manhã seguinte elas acordaram normalmente, o tempo estava melhor e um bonito sol havia nascido. Antes de ir para a rua brincar, as garotas tomavam café da manhã e lembravam do pavor que sentiram na noite anterior.
- Que bom que você me deu sua mão na noite passada, eu estava morrendo de medo. – disse uma delas.
- Obrigada você também. Eu estava tão assustada quanto você. – respondeu a outra.
A mãe que partilhava a mesa ouviu a conversa e perguntou se elas haviam mudado as camas de lugar, pois como eram muito distantes seria impossível elas conseguirem apertar as mãos enquanto estavam deitadas.
As duas amigas ficaram confusas e foram até o quarto. Ambas sentiram um calafrio na espinha quando verificaram que por mais que esticassem seus braços não conseguiriam tocar suas mãos...
Ao que parece, naquela noite de tempestade, não eram somente os vivos que estavam com medo...
(Obs1: Baseado em uma lenda Urbana Americana)

( Fabio Henrique Canata)



Paixão à primeira vista


Toda sexta a noite, após uma exaustiva semana de trabalho, ia ao mesmo bar, sentava sozinho no balcão, começa pedindo uma dose de whisky puro, em seguida partia para cerveja, depois de algumas garrafas, quase era capaz de esquecer a vida solitária e o trabalho enfadonho. Mas naquela noite algo mudou por completo sua vida, e lhe deu um novo motivo para ir aquele bar.
Sentada em uma mesa, sozinha, estava a mais bela mulher que ele já vira, com rosto delicado e grandes olhos verdes, marcados por cílios longos e negros, um longo e cacheado cabelo emoldurava perfeitamente aquele rosto.
Ele se apaixonou imediatamente, mas como o grande covarde que era, não teve coragem de se aproximar, voltou então na noite seguinte, e ela estava lá, sentada no mesmo lugar, com uma taça de vinho a sua frente, ele se manteve distante, apenas a observá-la, depois que ela terminava sua taça de vinho, se retirava, ele então seguia para sua casa, sonhava com ela, coma a vida que poderiam ter, uma bela casa, um casal de filhos e um cachorro.
Durante o dia executava suas tarefas sempre de olho no relógio, ansioso para chegar à noite e poder revê-la, isso se repetiu por noites e noites seguidas...
Mas em uma noite, para seu total desespero, um homem mais corajoso se aproximou da sua amada, frustrado, viu os dois conversarem por horas e saírem juntos do bar.
Aquela noite não sonhou com uma linda vida ao lado da mulher perfeita.
Pela manhã o noticiário anunciava a morte misteriosa de um homem, que foi encontrado em um quarto de motel, seu corpo estava completamente seco, sem uma gota de sangue... Exibiam a foto do documento encontrado junto ao corpo, para seu espanto, lá estava o homem que saiu do bar acompanhado da mulher dos seus sonhos!
Ele ainda volta ao bar todas as noites, mas ela não mais apareceu, ele jamais desistiu, até hoje senta lá, olhando fixamente para mesa onde ela costumava sentar. Daria todo seu sangue...sua vida, por uma noite com ela!

Tatiana Honorato



Era uma pessoa comum como todas as outras. Tinha uma carreira bem sucedida, era muito comunicativo, sempre cheio de ideias, parceiro pra qualquer hora. Era o tipo de pessoa que todos querem como amigo. Esse era seu lado exterior, sua máscara. Interiormente, guardava um lado negro, um demônio pronto pra sair ao seu sinal. Em várias ocasiões que o incomodavam, seja no trabalho, ou na vida, enquanto conversava com alguém, se imaginava praticando torturas, picando e fatiando... Era seu demônio querendo sair...
Num dia desses, ao chegar exausto do trabalho depois de um dia repleto de reuniões intermináveis e conversas arrastadas com pessoas insuportáveis, seu demônio clamava por diversão. Sua cabeça latejava, suava frio e a sensação de adrenalina era mto alta. Abriu a geladeira, pegou uma cerveja, tirou a gravata e se jogou no sofá. Quando estava prestes a cochilar, foi acordado num susto pela música de gosto duvidoso que vinha do vizinho. Era uma festa. Sua cabeça pulsava e seu sangue fervia. Dentro da cabeça aquela voz... MATE TODOS! Mas, ele lutava contra. Ao invés disso, foi a porta do apartamento do vizinho, tocou a campainha e pediu educadamente pra que ele abaixasse o som. O vizinho riu da sua cara e disse: ''Não enche o saco!", bateu com a porta na sua cara.
Paciência era seu forte. Lá pelas altas da madrugada, quando a festa acabou, voltou a casa do vizinho. Tocou a campainha. O vizinho bêbado lhe disse:
-- Vc de novo? Já não te pedi pra não encher o saco??
-- Pois é, vizinho, disse calmamente, não sou mto de acatar ordens...
Dito isso, o vizinho não teve tempo nem de soltar o último grito. Teve tempo apenas de ver um brilho chegando perto de seu rosto, Depois disso, tudo foi escuridão.
Ele então, pacientemente, desencravou o cutelo da cabeça do vizinho. Arrastou o corpo pra dentro do apartamento. Esquartejou-o cirurgicamente. E só por pirraça, fez o contrário que o chato do vizinho queria.
Acabou por encher o saco. Com o vizinho. Em pedaços.
Voltou pra casa. Abriu mais uma cerveja. Apreciou o silêncio. Seu demônio também silenciou. Finalmente a paz...



Alguns anos atrás, meu pai foi trabalhar de zelador de uma igreja em Campinas, no interior de São Paulo. Quando a igreja fechava, às 19:00h, meu pai me pedia para ajudá-lo a limpar os bancos e o altar. Era algo divertido pra mim, mas algumas vezes, coisas estranhas aconteciam.
Certa noite, meu pai fechou as portas da igreja pontualmente às sete da noite. O Padre não estava tinha ido visitar alguns enfermos e meu pai, que já tinha certa idade, me pediu para que cuidasse da limpeza, pois ele estava cansado por demais e só queria tomar um banho e descansar. Então, mais uma vez, fui ajudá-lo.
Quando cheguei próximo ao altar, notei uma mulher vestida de preto, que rezava e choramingava ao mesmo tempo.
Apesar de ter me assustado e de ter certeza de que vi meu pai fechar as portas, fui gentilmente falar com a mulher:
-Senhora, desculpe-me, mas a igreja já está fechada hoje. Pode voltar amanhã pela manhã se quiser!
Ela então parou sua reza, mas sem levantar o rosto e me olhar nos olhos me disse:
-Eu só vim aqui pra ver meu filho, mas não sei onde ele está.
Vi que a mulher estava meio perturbada com algo, decidi não incomodá-la. Continuei a limpeza e assim que o padre voltasse, ele que tratasse de cuidar da mulher.
O tempo passou e quando o padre retornou eu já nem lembrava da mulher estranha que estivera ali mais cedo. Pelo visto já tinha ido embora sem que eu percebesse.
Mas notei que o padre havia voltado abatido, com os olhos inchados e vermelhos como se tivesse chorado recentemente. Perguntei-lhe se algo havia acontecido, e ele então me contou:
-Minha mãe meu jovem, faleceu agora a pouco. Recebi a notícia agora a pouco quando estava voltando pra igreja. Vou arrumar minhas malas e ir ainda hoje pra minha cidade pra preparar o enterro. Minha mãe sempre me pedia pra visitá-la, mas eu quase nunca tinha tempo...
-E sua mãe já era de idade padre?
-Era sim meu filho, mas ainda tinha uma saúde de uma garota. Olhe, tenho uma foto dela aqui comigo, guardada na carteira.
Peguei a foto nas mãos e na mesma hora meu corpo começou a tremer, me faltou ar e quase desmaiei ali mesmo.
A mulher da foto, era a mesma que eu vi na igreja horas antes, procurando pelo filho...
Mistérios misteriosos...

( Fabio Henrique Canata)


Não vá lá fora

O céu estava sem estrelas, apenas a Lua Cheia brilhava e iluminava a noite.
Ele estava sentado em uma lanchonete na beira da estrada. Tomava um café, enquanto observava o movimento e o estabelecimento ao seu redor. Era um lugar antigo, com umas fotos esquisitas nas paredes. As mesas não tinham cadeiras, seus bancos eram parecidos com sofás.
Dois caipiras, com umas roupas esquisitas, estavam sentados conversando no balcão. Enquanto um outro, de bigode aparentando seus 40 e poucos anos, passava o pano sobre a bancada. Sem falar nada, apenas fazia movimentos com a cabeça. Nenhum deles pareceu se importar com sua presença. Melhor assim, não gostava de ser o centro das atenções. Fora esses dois, o dono e ele, também havia um casal sentado no fundo. A noite parecia ir tranqüila, quando um cara todo esquisito com umas roupas esfarrapadas, entrou dizendo:
- Eu vi! Eu vi! Eu sabia! Noite de Lua Cheia! Eu vi. Juro que vi!
- Viu o que Tarcísio? O lobisomem? - um dos que estavam no balcão falou isso, e logo em seguida os três começaram a rir.
O casal se levantou. A moça foi em direção a porta, enquanto o rapaz ia ao balcão pagar a conta. Logo em seguida, os dois saíram noite a fora.
O rapaz esquisito gritou para que eles não fossem, que ficassem ali dentro que era mais seguro.
As gargalhadas haviam se encerrado. O dono da lanchonete deu a volta no balcão, segurando o braço do rapaz.
- Tarcísio, eu não quero você assustando os meus fregueses. Está entendendo? Se continuar assim, vou ser obrigado a proibir sua entrada aqui.
- Mas eu vi. Juro!
- Viu nada seu maluco. - Um dos caipiras retruca.
***

Ele observa toda a cena. Acha aquilo tudo engraçado. Levanta-se e pega a sua mochila. Encaminha-se até onde estão os homens. Os quatro se assustam quando ele se aproxima. Haviam esquecido sua presença. Ele faz um aceno de cabeça para o dono, como que pedindo a conta.
Estava abrindo a carteira, quando Tarcísio segura seu braço e diz com uma voz chorosa:
- Não vai lá fora, moço. Eu vi!
Ele ia falar  alguma coisa, mas é interrompido por um grito. Nesse exato momento, a porta se abre. A moça, que a pouco tinha saído com o rapaz, entra toda suja de sangue gritando:
- Por favor! Ajudem-me! Ele matou meu namorado!
Os cinco trocam olhares assustados. E lá fora, se ouve um uivo que fez todos ficarem arrepiados.
- Eu falei que tinha visto, mas vocês não acreditaram.

( Elisangela Domingos da Silva)






ESTRADA NO DESERTO

Noah Campbell, um rapaz aparentemente de 30 e poucos anos, cabelos loiros jogados para o lado, olhos azuis protegidos do sol com óculos escuros, dirigindo seu Camaro 1970 prateado, na estrada do deserto de Utah. Há exatamente um ano, passava nesta mesma estrada, porém, ao seu lado (no banco de passageiro), estava Ariel Campbell, sua querida irmã, alguns anos mais nova; que por um infeliz golpe do destino, morreu no acidente de trânsito, este que Noah se salvou ficando mais ou menos seis meses de coma na U.T.I. Além de seu carro, mais dois (um ônibus de escoteiros e um Opala) se envolveram no tal acidente. O motorista do Opala bêbado, fazia ziguezague invadindo a contramão da estrada nesse processo, sendo que um desses ziguezague bateu com tudo na lateral da traseira do carro de Noah e na lateral da frente do ônibus que estava logo atrás dele. Com a batida o vidro quebrou, estilhaçando pedaços de cacos para tudo quanto é lado, neste momento Ariel que tinha virado sua cabeça para trás com a intenção de ver o carro desgovernado, foi empalada com um estilhaço de vidro em seu pescoço, morrendo de imediato, Noah que estava sem cinto de segurança foi arremessado ao para-brisa, deixando o desfalecido.
Agora...aniversário de morte de sua irmã. Noah dirige novamente pela estrada do deserto de Utah, indo na casa de sua mãe, que pela data anda deprimida, sentindo a falta da filha. Ao ver uma caverna no deserto, esta que ele tinha visto alguns segundos antes do acidente, lembra do ocorrido; por isso para seu carro. Contemplando a caverna pensa em sua falecida irmã, e talvez de tanto pensar nela, a vê. – Ariel estava do mesmo jeito que no dia de sua morte, seus cabelos loiros lisos até o ombro, seus olhos azuis cintilantes com o brilho do sol, usando sua blusinha amarela de alcinha e short jeans, sem nenhuma mancha de sangue, pescoço intacto. – Noah arregala seus olhos diante desta aparição, porém sua visão é interrompida por um Impala azul do outro lado da estrada. O motorista deste, um homem de bigode espesso e usando uma boina xadrez, segurava uma garrafa de Whisky Jack Daniels, e levantava em direção ao Noah que o olhava, como cumprimento. Voltando seus olhos para a caverna Ariel não estava mais ali. No momento seguinte o Impala deu uma freada brusca, assustando Noah, que olhou rapidamente para trás pela janela de seu Camaro; o motorista do outro carro havia saído do carro nervoso, e andava até a frente de seu carro, Noah também saiu do seu carro seguindo o homem
- O que aconteceu? – Perguntou Noah.
- Uma garota loira. – respondeu balbuciando, apontando para frente de seu carro.
- Do que você está falando? – Continuou Noah, surpreso.
- Uma garota loira, estava na frente do meu carro! – Disse o homem, ainda nervoso. – Eu não estou ficando maluco...Estou?!
- Se acalme. – Pediu Noah. – Me diga, como era ela? O que ela vestia?
- Espera, foi muito rápido. – Disse. – Eu fui dar um gole na garrafa, e por reflexo eu à vi na frente do carro, mesmo assustado consegui frear, ela apontou para a garrafa, assim que eu olhei para onde ela apontava, ela desapareceu.
- Ariel...minha irmã Ariel. – Deixou escapar Noah.
- Hey! Quando olhei para você àquela hora, não tinha ninguém no carro com você.
- Você não está entendendo! – Noah retrucou. – Minha irmã morreu há um ano, faz um ano hoje.
O homem ficou mudo, seus olhos estavam arregalados.
- Espera, o acidente foi provocado por um cara bêbado. – Recomeçou Noah. – E você disse que ela apontou para sua garrafa de Whisky.
- Foi! – Concordou o motorista.
- Já ouvi uma história assim, nunca parei para pensar se existisse ou não. – Mencionou Noah. – Mas minha irmã é um Espirito de Presságio de Morte.
- O que é isso? – Perguntou o homem.
- É um fantasma que...que...digamos que protege os outros. – Respondeu Noah. – Ariel te salvou. – Disse Noah entre lágrimas e risos de satisfação e emoção.

(Lesley Anselmo)