domingo, 22 de maio de 2016

Mourir

Àquela hora, meio tarde no dia, penetrei no templo iluminado... Vozes que diziam coisas incompreensíveis me hipnotizavam. Conduziam-me até o seu interior.
Tochas iluminavam todo o caminho, agitavam-se e desenhavam nas paredes formas estranhas. De repente, as chamas se apagam... Uma sombra, uma forma, um homem...
Havia fantasmas de branco que flutuavam em torno dele. Logo em seguida, desapareciam no espaço com murmúrios suaves. Por ora, pesadelos tomavam conta de minha mente perturbada, ao ver aquela figura lúgubre diante de meus olhos. Por ora, sons estranhos de lamento, gemidos cheios de sofrimento ecoavam diante daquele ambiente dogmático.
Algo de maléfico, diabólico havia naquele ser, mas o quê?
Seus cabelos e olhos eram negros como a noite e a medonha palidez de seu rosto, transformavam sua face em algo abominável. 
O mundo naquele momento parecia se escurecer como se fosse um apocalipse.
Tudo parecia sobrenatural. O vento assobiava como uma alma atormenta. Nada fazia sentido. Meus pensamentos não me obedeciam; era como se eu estivasse fora de mim.
Por uns poucos segundos, ele pareceu avançar como se estivesse submerso.
Medo? Não, não sentia medo, apenas não compreendia o que estava acontecendo e o que me trouxera ali.
Até o momento em que seus olhos pousaram-se nos meus e eu pude ver (mesmo que por poucos segundos) flashes de minha vida - infância, adolescência- até tudo parar em uma cena simples: uma pessoa, um rapaz examinava uma sepultura. Seus olhos se voltavam para a lápide que estava coberta de flores colocadas recentemente.
Foi ai que compreendi.  Foi ai, que me lembrei de toda a cena.  Saiamos do Baile de Formatura, quando um sujeito, do nada apareceu, e começou a atirar. Tudo ficou escuro.
Agora eu compreendia. Eu estava morta!
E aquelas vozes. Aquele homem que me conduziam até ali não passavam de Anjos - Anjos da Morte- Conduzindo-me até os confins do submundo, até o descanso eterno....

Lisa Hallowey




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