domingo, 29 de maio de 2016



O orfanato

Pobre Anne estava neste momento no banco de trás de um carro qualquer, sendo levada para seu novo lar. Seus pais e seu irmão foram encontrados mortos em sua própria casa, a pequena Anne a única sobrevivente da família, foi encontrada em seu quarto, sentada num canto, em estado catatônico, balançava seu corpo entre suas pernas dobradas; repetia sempre a mesma palavra “não”. Por algum motivo o monstro dessa barbárie, poupou a vida da pobre garota, que agora estava sendo levada para sua nova moradia, pelo menos, até encontrarem seus novos pais adotivos. Estava ela sendo levada para o orfanato “Raio de Luz”, dizia uma plaqueta do lado do portão de entrada, no qual, Anne olhou, assim que o carro entrou no local.
Depois de alguns dias tímida e na dela, tentou enturmar-se com as crianças, mas sempre que estavam no meio de uma brincadeira, as crianças assustavam-se com as atitudes da garota. Assustavam-se pelo simples fato dela jogar suas mãos na cabeça e gritar: “NÃO!”
As outras crianças começaram a chamá-la de louca. No começo, Anne saia correndo e escondia-se no quarto e começava a chorar. Mas, com o passar do tempo, ela foi acostumando-se com a gozação, e já não chorava mais. Pelo contrário, ela encarava a criança que a xingava, e essa era a que saia correndo e se escondia.
As crianças passaram a ter mais medo de Anne. O orfanato era administrado pela Madre Tereza e algumas freiras. Um dia, uma das crianças, Suzanna, chegou chorando até uma das irmãs e disse que Anne havia ameaçado ela.
A irmã Maria, esse era seu nome, foi atrás da garotinha e a encontrou sentada em um dos bancos, perto da fonte que ficava no fundo do orfanato, conversando sozinha. Não achou estranha a atitude da menina. Para ela, era normal uma criança conversar sozinha na idade dela, ter um “amigo imaginário”. Ela mesma teve um. Porém, ao aproximar-se da menina, ficou perplexa, a menina estava falando em latim. Quando ela pensou em virar-se e voltar para dentro, sem que a menina percebesse, ouviu uma voz doce lhe chamar:
- A senhora quer falar comigo, irmã? É sobre a Suzanna, né?
A irmã Maria, simplesmente parou e ficou sem reação. Engoliu em seco e virou-se, lentamente para a garota:
- Ah... Bom, como você sabe que eu vim falar com você sobre a Suzanna?
- Lili me falou.
-Lili?
- Sim, minha amiga.
- Hum... E o que mais sua amiga lhe falou?
- Mais nada. Apenas disse que ela ia cuidar disso.
- Cuidar? Cuidar como?
- Não sei. Nem tudo a Lili me fala. Vou entrar, irmã. Tenho lição para fazer, Se eu não fizer, a irmã Celeste vai brigar comigo. – a garota da um sorriso inocente para a freira, e sai cantando como se aquilo fosse normal.
A irmã, por sua vez, entra para dentro e pensa em ir direto até a sala da Madre, contar o ocorrido. Só que quando está subindo as escadas, sem querer, acaba tropeçando em um dos degraus, e cai escada abaixo.
Uma das irmãs que estava passando no corredor acaba ouvindo o grito, e vai ver o que estava acontecendo. Quando chega perto da escada, fica assustada com a cena. Pois a irmã Maria estava com a perna esquerda em uma posição, que nem ela conseguia imaginar, e com o osso exposto. A irmã leva a mão até a boca, para abafar um grito, e sai correndo para chamar socorro. Enquanto isso, Anne está atrás de uma das portas, escondida, observando tudo.
****
Já tinha se passado três dias depois do acidente da irmã Maria. Ela foi submetida a uma cirurgia, devido à gravidade da fratura, e teve que ficar no hospital por mais um tempo. No Orfanato, tudo parecia correr bem. Só parecia.
****
- Oi Suzanna, você quer brincar comigo?- Anne aproxima-se da garota de cabelos dourados, que estava distraída, brincando no quarto.
- Sai daqui. Você quer me machucar. – a garota diz, levantando-se.
- Eu não quero te machucar, quero brincar com você.
- Mais eu não quero! Você é louca!- agora a garota fica de costas para a janela do quarto.
Ao dizer isso, a expressão do rosto de Anne, antes doce, transforma-se em algo diabólico. A outra garota fica mais assustada.
- Você não devia ter dito isso. A Lili não gosta que me chamem de louca. – a garota vai aproximando-se cada vez mais da outra. Essa, por causa do medo, não consegue mexer-se.
- Não, por favor. Tudo bem, eu brinco com você.
- A Lili não quer mais brincar. – Sem que de tempo, se quer da outra garota ter algum tipo de reação, Anne a empurra da janela, fazendo seu corpo frágil, cair e ela quebrar o pescoço.
****
O orfanato estava em luto. A irmã Tereza, nunca, em seus 35 anos trabalhando ali, tinha presenciado tamanha tragédia. Primeiro aquele acidente sem explicação da irmã, e logo em seguida, a morte da pequena Suzanna.
A irmã Maria, tinha voltado para o orfanato, e ficou chocada ao saber da morte da garotinha. Ela estava em seu quarto, deitada sem poder se levantar, em repouso, quando se lembrou do que Suzanna havia dito a ela. Nesse instante, ouve uma batida na porta, e ela abrir-se. Anne entra com um sorriso inocente.
- Foi você, né?-
- Eu? Eu o que, irmã?
- Não se faça de inocente. Você ameaçou a Suzanna, e eu ouvi você naquele dia falando em latim. As outras crianças têm medo de você. Quem é você?
Anne para a alguns passos da cama. Examina o rosto da freira em sua frente. Por um tempo, o silêncio toma conta do quarto. A garota abaixa a cabeça, e quando levanta de novo, seu rosto já não é mais o mesmo. É algo diabólico. A irmã fica assustada com a expressão da garota.
- Sabe, irmã, vou responder suas perguntas e te contar uma história. Uma pequena história. Na verdade, um segredo. Sabe minha família? Fui eu que matei. Tentei ignorar as vozes, mas elas são mais fortes. Fui eu sim que empurrei a Suzanna da janela. E as outras crianças têm medo de mim, por causa disso – a garota, agora esta do lado da cama. Seus olhos estão completamente, pretos. Pega um dos travesseiros que está do lado da freira. A irmã nem percebe, devido ao medo que está sentindo. Só se da conta, do que está prestes a acontecer, quando a menina coloca o travesseiro em seu rosto. Mas antes, ela revela seus últimos segredos.
- Quem te derrubou da escada, foi a Lili. E a propósito, só eu posso chama-la de Lili. Seu verdadeiro nome é Lilith. – falando isso, ela leva o travesseiro até o rosto da freira, matando-a asfixiada.
( Lisa e Lesley Anselmo)



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