sexta-feira, 6 de maio de 2016

#psicopataadp


Ele levou o copo de whisky a boca e parou por um instante. Precisava se controlar, sua mão tremia como se tivesse alzheimer, sua perna balançava constantemente, ele sabia que aquilo eram sinais da abstinência, afinal fazia uma semana que ele se controlava.
Sua cabeça estava à mil, turbilhões de coisas passando ao mesmo tempo. O bar estava escuro, uma luz ao fundo, ele sabia que não poderia estar alí, tinha que estar bem, pessoas se espelhavam nele, não devia estar bebendo, olhou para o copo novamente, ao redor grupos de pessoas conversando, blues rolando ao fundo.
Ele não faria aquilo, já tinha se passado uma semana, pensou;
"Um dia após o outro, um dia após o outro".
Na mesa ao lado, um sujeito bebia um copo atrás do outro, parecia sozinho, sem família. Um pobre diabo largado ao mundo ele pensou.
Se levantou e foi para fora, fumar um cigarro, quase não conseguiu acender de tanto que tremia, deu uma longa baforada. O sujeito saiu pela porta cambaleando. Ele focou quando o rapaz caiu no beco vazio, tentando se levantar, por um momento sua tremedeira cessou. Teve a impressão de uma paz interior enorme, estava prestes a ter o controle de seu corpo de novo.
Ele entrou, bebeu o whisky que estava sob a bancada, afinal era uma dose apenas e ele nunca teve problemas com bebida, se encaminhou para a saída, o sujeito ainda tentava se levantar, ele se aproximou deu à mão, o mesmo se apoiou para levantar, nesse instante, ele ergueu o rapaz é com sua mão direita tirou de dentro do sobretudo sua Buck 119 especial e passou pelo pescoço do rapaz. Não teve grito, apenas um leve gemido e o engasgo com o próprio sangue, ele foi se ajoelhando junto com o corpo desfalecendo, o sangue escorrendo por entre seus dedos, seu corpo não mais tremia, sua cabeça estava em paz, silenciosa. Todo aquele sangue passando por seus dedos, parecia liberar em seu corpo toda serotonina e endorfina do mundo. Ele estava em paz, o cheiro de sangue e a agonia de um corpo se esvairando em sangue lhe davam paz. Empurrou o corpo de canto, e deixou-o como se tivesse desmaiado, olhou para o relógio,
"faltava apenas duas horas"
Entrou em seu carro, trocou a camisa, limpou suas mãos e partiu. Chegando ao destino, comprimentou às pessoas na rua, afagou à cabeça das crianças que se preparavam para a cerimônia, entrou na sacristia, vestiu sua túnica, ajeitou a estola e fez sua oração, afinal ele estava em paz para celebrar à santa missa e levar paz a quem estava em sua igreja buscando alívio.
Willsonn dos Santos ( Psicopata ADP)

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